terça-feira, 1 de setembro de 2015

Em momento decisivo, greve continua na UFF



Assembleia aprova vigília na reitoria, na próxima quinta (3), quando ANDES-SN estará reunido com o MEC



DA REDAÇÃO DA ADUFF
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind

Na tarde dessa terça (1º), a Assembleia Geral dos Docentes deliberou pela manutenção da greve na Universidade Federal Fluminense, em momento considerado decisivo pela categoria. O livro de presenças foi assinado por 392 professores, dos quais 256 votaram na continuidade do movimento paredista na UFF, 129 se posicionaram contrariamente, e dois se abstiveram. Foi ainda aprovada a realização de um ato, em consonância com o encaminhamento do Comando Nacional de Greve, que acontecerá em instituições de todo o país, como também na Federal Fluminense: no próximo dia 3, quinta-feira, docentes farão uma “vigília na reitoria” para pressionar por avanços nas negociações e pela publicização da real situação financeira da instituição.

No mesmo dia, o governo receberá o Andes-SN para nova reunião, quando o Ministério do Planejamento ficou de informar o resultado das consultas internas referentes aos impasses nas negociações. Também deverão estar em pauta as nove mil vagas de concursos que já teriam sido autorizados, mas que ainda não foram liberadas para as universidades.

A maioria das intervenções na assembleia sinalizou que a greve é importante instrumento de pressão e que, nesse momento, é essencial garantir sua manutenção para que, com um movimento nacional fortalecido, servidores públicos consigam obter ganhos nas negociações que estão por vir, já que o governo se comprometeu a estender o processo pelo menos até o dia 11 desse mês.

Para muitos docentes, os atos realizados em Brasília nos dias 27 e 28 de agosto, com o fechamento dos acessos aos prédios dos Ministérios do Planejamento e do da Educação, garantiram que houvesse uma reunião, na segunda (31), com o Executivo e o Fórum dos Servidores Públicos Federais, do qual o Andes-SN faz parte. O governo manteve a proposta de “21,3%” parcelados em quatro anos (5,5% em 2016, 5% em 2017, 4,75% em 2018 e 4,5% em 2019), mesmo diante da recusa unânime de diversas entidades do funcionalismo, já que o índice não repõe sequer as perdas inflacionárias do período; propôs criar uma comissão para discutir a reestruturação da carreira docente, mas reconheceu que qualquer resultado só seria colocado em pauta após o término do acordo  proposto, em 2019. “Até maio desse ano, nosso horizonte era de 0% de reajuste salarial. Ainda que reconheçamos que a proposta do governo seja muito inferior ao que demandávamos, hoje existe uma proposta. Isso é inequivocamente um resultado obtido a partir da nossa luta”, disse Victor Leonardo Araújo, professor da Faculdade de Economia. Ele mencionou que as ações de pressão, sobretudo na semana passada, levaram o governo a sinalizar com a promessa de rever nova proposta em relação aos índices salariais, já que, na reunião do dia 31 de agosto, Sérgio Mendonça, Secretário do Ministério do Planejamento, se responsabilizou em levar a discussão aos ministros para, posteriormente, apresentar possível nova proposta aos servidores federais.

O mesmo docente também disse que as ações de mobilização na UFF têm resultado em avanços na negociação da pauta interna, referindo-se à reunião com o Comitê Gestor da Universidade, que acontece na próxima segunda (14). “Não é o ideal; não é o que queremos, já que o reitor da instituição não nos recebe, e somos atendidos por um Comitê que não foi eleito pela comunidade acadêmica. Em um momento de excepcionalidade, como esse da greve, o reitor tinha que nos receber”, disse Victor. “Essa situação é um absurdo”, avaliou, alertando aos colegas que essa semana é decisiva para a categoria.

A maioria dos professores avaliou que o movimento paredista iniciado no dia 28 de maio na Federal Fluminense tem cumprido o papel de “resistência” em meio à conjuntura de crise, que, recentemente, levou até mesmo ao corte no fornecimento de luz na instituição, devido à dívida que a universidade tem com a concessionária Ampla. “A UFF não tem dinheiro nem mesmo para pagar a luz. Mesmo que a greve acabe, não teremos dinheiro para continuar funcionando”, disse o professor Waldir.

A carta distribuída pelo Comando Local de Greve Docente à assembleia geral explicita mais uma consequência da política de contingenciamento de verbas do governo federal, que levou ao corte de cerca de R$ 11 bilhões da Educação. De acordo com o documento, “na última semana, a pró-reitoria de extensão da UFF anunciou que, das 45 propostas submetidas pela UFF ao edital Proext do MEC, 39 foram consideradas aprovadas, mas apenas duas (!) serão contempladas com apoio financeiro. Ou seja, são dezenas de projetos de mérito reconhecido, muitos deles já em curso, responsáveis por ações extensionistas fundamentais para o trabalho universitário e também para a comunidade local, que serão irremediavelmente prejudicados”.

Assembleia rejeita a PEC dos cursos pagos

Outra importante deliberação da assembleia diz respeito à rejeição da Proposta de Emenda Constitucional – PEC 395/2014, que libera a cobrança de mensalidade nos cursos de pós-graduação lato sensu e mestrados profissionalizantes. Docentes aprovaram que haja articulação com parlamentares por posicionamento a favor da pauta da greve e contrário aos projetos que atacam de forma ainda mais contundente o caráter público das universidades em tramitação no congresso nacional, como a referida PEC.

Para Claudia March, essa é uma greve de enfrentamentos de projetos, quando a base governista defende a expansão de verbas para o ProUni, para o Fies, e de corte de verbas para a universidade pública. “Importante para eles é aprovar a PEC que permite a cobrança de mensalidade de cursos pagos na instituição pública”, disse, criticando a proposta que ameaça ao ensino público e gratuito. “Amanhã, eles podem sinalizar até mesmo com a cobrança de mensalidades para a graduação. É contra isso que estamos lutando”, afirmou, lembrando ainda do PL 2177/2011, que altera o Código Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. “Sabe por que ele muda? Porque permite que empresas nacionais e internacionais ocupem o nosso espaço, querendo que nos subordinemos à lógica do mercado”, mencionou, falando da dureza da conjuntura atual. 

Posicionamento sobre semana acadêmica

Assembleia docente aprovou moção relativa à Agenda Acadêmica, solicitando posicionamento objetivo da administração central, não somente a cerca da ampliação dos prazos, mas também quanto ao adiamento da data de realização da Semana Acadêmica, até que um novo calendário seja estabelecido após o fim da greve.

A próxima assembleia acontece no dia 10 de setembro (quinta-feira), às 15h, em local que será posteriormente divulgado.





7 comentários:

  1. Para com essa coisa de resistência. O Brasil está em crise, a ordem é de cortar gastos, como acham que vão conseguir essas reivindicações? "Ai, mas a faculdade vai ficar sem luz" Mentira, já conseguiram uma liminar na justiça que proíbe o corte e todas as unidades já estão com luz e com água, internet. Para funcionar, está faltando vontade trabalhar. Estão todos recebendo não é? Fácil assim. Férias praticamente. Agora nós alunos ainda temos que correr atrás. Que tal fazerem o que são pagos para fazer? Trabalhar e dar aula. ESSA GREVE PRECISA ACABAR!

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  2. FERIAS PARA VOCE NÉ ? TE GARANTO QUE TODOS QUE APOIAM A CAUSA ESTÃO INDO NAS ATIVIDADES DA GREVE.

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  3. - TECLADOS + RUA...KKKKKKK....FALAR AQUI É MOLE, FICAR DE FERIAS NA GREVE TAMBEM. VAI RA RUA AJUDAR OS PROFESSORES E FUNCIONARIOS.

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  4. Continuem com a greve! É importante lutar por algo melhor. Não adianta terminar a greve e não ter dinheiro nem pra pagar as contas.
    Sou aluna e apoio!!!

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  5. Não tem porque continuar com essa greve. As reivindicações são utopias, nenhuma classe foi - e nem vai ser - beneficiada por essa tal greve. É uma injustiça verter tudo isso contra os alunos, não somos responsáveis por tudo isso que reivindicam. Responsáveis foram os que digitaram aquele maldito número 13 nas urnas ano passado. Ironicamente, grande parte desses grevistas o fizeram. ESSA GREVE PRECISA ACABAR

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  6. Este comentário foi removido pelo autor.

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