quarta-feira, 15 de julho de 2015

Comando de Greve vai ao Fórum de Diretores e defende debater calendário



Ausência do reitor, porém, levou à suspensão da reunião 'oficial' do fórum; professores em greve propuseram pautar debate sobre calendário no CUV   

Como deliberado na assembleia da categoria, o Comando Local de Greve dos docentes da UFF esteve presente no auditório da Odontologia, na manhã desta quarta-feira (15), para debater com os diretores de unidade – que realizariam reunião no local – a necessidade de o Conselho Universitário reconhecer a legitimidade da greve dos três segmentos. Os professores em greve defendem também a suspensão do calendário acadêmico e a reposição integral de todas as disciplinas. Ao chegarem lá, entretanto, descobriram que a reunião havia sido suspensa através de email, horas antes. O motivo era mais uma ausência do reitor Sidney Mello - que estaria em Brasília, em reunião com o MEC - o que inviabilizaria o debate sobre a pauta da reunião, construída em cima da confirmação da presença dele. 

O diretor da Odontologia, Cresus Vinícius de Gouvêa, afirmou ter elaborado um comunicado sobre a suspensão da reunião desde a segunda-feira (13), mas que acabou sendo enviado para uma lista de e-mails equivocada, e não chegou a todos os gestores. Diante do grande número de presentes noValonguinho na manhã desta quarta, inclusive de unidades fora da sede como Campos dos Goytacazes, Angra e Pádua, os diretores de unidade decidiram manter a reunião como um espaço de conversa.  

O diretor da Psicologia, Francisco Palharini, convidou os diretores de unidades presentes na reunião a assinarem um documento que pede a convocação de uma reunião extraordinária do Conselho Universitário, com o objetivo de debater o calendário acadêmico da UFF durante a greve dos três segmentos. “Quando chegar a hora, cada um vota de acordo com sua consciência. O que estamos pedindo é o apoio para a realização de um espaço concreto de discussão, para que possamos conversar e tentar chegar a um entendimento comum, do mesmo modo que chegamos em todas as outras paralisações. O CUV é o órgão máximo de deliberação da universidade e pode indicar ao Conselho de Ensino e Pesquisa (que decide a questão) as diretrizes para travar esse debate”, defendeu.

A presidente da Aduff-SSind, Renata Vereza, pediu a palavra para expor a preocupação e o descontentamento do Comando Local de Greve com as subsequentes interrupções ou não existência das reuniões do CUV e CEP. “A universidade tem uma tradição democrática e isso deve ser mantido, independente de direções e gestões. É fundamental que a gente mantenha esses espaços abertos e funcionando”, frisou. Renata também problematizou a situação de crise vivida pela universidade e defendeu a greve docente, dos técnicos e estudantes. “Quando a gente acha que já viu tudo, recebe notícias de mais cortes. Essa semana foi a pós-graduação, que muitos pensavam estar imune a esse processo de cortes. É preciso que a comunidade acadêmica atente para essas questões e respeite o movimento grevista. Greve não é privilégio, é direito duramente conquistado. Se está acontecendo, é porque escolhemos não ignorar uma série de problemas que a universidade está enfrentando”, enfatizou.

Presença do Comando de Greve causa incômodo a alguns diretores de unidade

A presença de professores que participam do comando de greve na UFF incomodou alguns diretores de unidades, que defenderam a saída dos docentes para que a reunião pudesse começar. Houve quem declarasse que queria evitar que o fórum de diretores virasse a "bagunça que é o CUV e as assembleias da Aduff". Outros diretores se posicionaram contrários a esse encaminhamento.


A presidente da Aduff-SSind disse que a postura de alguns diretores foi indelicada e constrangedora. “A gente não veio aqui desqualificar esse fórum, ao contrário, veio defender os fóruns decisórios da universidade e garantir que eles aconteçam. Lamento a tentativa de tentar desqualificar o sindicato, um espaço legítimo, aberto, democrático para todos. Nossas assembleias não são bagunças, inclusive todos os não sindicalizados tem voz e voto, que dirá poder assisti-las. Por isso a gente está muito confortável para defender os espaços democráticos e a abertura desses espaços”, finalizou. 

“Mais uma vez o reitor não veio, mais uma vez se furtou do debate na reunião que foi convocada fundamentalmente por conta da presença dele. Mas tão grave quanto o desaparecimento do reitor foram as falas na reunião no sentido de que os não diretores, que estavam apenas assistindo ao fórum e só falaram quando foram autorizados, fossem retirados do espaço", disse a professora do curso de Cinema Nina Tedesco, que integra o Comando Local de Greve dos docente da UFF. "É como se as questões que os diretores tratam no fórum dos diretores não dissessem respeito a toda a comunidade acadêmica. Como se eles estivessem fazendo uma reunião entre amigos e não entre pessoas que foram eleitas  para esse cargo e estão discutindo problemas que interessam a todos  dentro da universidade. Achei extremamente grave a proposta de algumas pessoas. Felizmente, outros se manifestaram contrários a isso”, concluiu.

A reunião terminou sem fazer nenhum debate concreto acerca de temas como calendário acadêmico, greve docente e as consequências dos cortes orçamentários nas unidades.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Lara Abib

fotos: Reunião do Fórum dos Diretores, que acabou oficialmente suspensa 
crédito: Luiz Fernando Nabuco/Aduff

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