sexta-feira, 26 de junho de 2015

Proposta do governo ignora perdas e fica abaixo da inflação prevista

Planejamento apresentou contraproposta salarial aos servidores em reunião realizada na quinta (25) bem distante dos 27% reivindicados

A proposta de reposição salarial apresentada pelo Ministério do Planejamento às entidades nacionais do funcionalismo federal fixa percentuais de reajuste para os próximos quatro anos, em percentuais incapazes de cobrir a provável inflação para o período compreendido entre 2015 e 2019. A primeira parcela, em janeiro de 2016, ficaria em 5,5%, bem abaixo da previsão da inflação para 2015, que já ronda os 9%. 

O Planejamento apresentou a contraproposta aos servidores, numa reunião na quinta-feira (25), data de protestos nacionais do funcionalismo, como sendo os valores disponíveis para expansão da folha de pagamento, totalizando um ‘reajuste de 21,3%’, parcelado em quatro anos. Na prática, porém, é uma manobra para inflar o índice, quando na verdade o que se tenta fazer é fixar previamente o percentual anual de reposição até 2019. 

Os valores propostos pelo governo Dilma (PT) são os seguintes: 5,5% em 2016, 5% em 2017, 4,75% em 2018 e 4,5% em 2019, sempre no mês de janeiro. Assim como em 2012, a aplicação não seria linear, mas sobre o montante da folha de pagamento e daí se estabeleceria quais os recursos disponíveis para a reposição salarial. Aos servidores, o secretário das Relações do Trabalho do Planejamento, Sérgio Mendonça, disse que estão sendo consideradas as projeções de inflação e de crescimento do PIB no período, mantendo-se, segundo ele, a folha de pagamento em 4,13% em relação ao Produto Interno Bruto.

Inflação corrói salários

A proposta foi mal recebida e muito questionada pelos servidores. Houve críticas à tentativa do governo de ‘amarrar’ a categoria ao longo de quatro anos, em meio a uma crise que pode levar a índices inflacionários bem superiores aos previstos. O ‘sequestro’ da inflação de 2015, que deve ‘consumir' quase a metade dos 21,3%, também foi contestado. 

Setores do funcionalismo – como da seguridade social e escolas federais – preparam o início de greve por tempo indeterminado para julho. Já estão parados os professores e técnico-administrativos das instituições federais de ensino e os trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União.

O presidente do Sindicato Nacional (Andes-SN), Paulo Rizzo, disse durante a reunião que a reivindicação é 27% de uma só vez e que os servidores querem discutir todos os pontos da pauta, não se limitando à questão salarial. De acordo com ele, todos os representantes das entidades presentes rechaçaram a proposta apresentada pelo ministério.

Andes-SN participou

Após a negociação, Paulo Rizzo criticou os termos propostos pelo governo. “Como vamos nos comprometer com um acordo que estabelece quatro anos de reajuste sem saber qual será a inflação dos próximos anos? Nossa posição é que os acordos salariais devem ter apenas um ano de duração. Queremos que o governo reavalie a proposta, e também que debata os demais pontos da pauta de reivindicações dos servidores públicos federais”, disse. 

O dirigente do Andes-SN defendeu mais mobilização. “Agora é aumentar nossa pressão, com crescimento da greve. E trabalhar para que enchamos de gente a Esplanada dos Ministérios no dia 7 de julho, que também é dia da Caravana Nacional da Educação Federal”, defendeu. Por sugestão dos servidores, nova reunião foi marcada para o dia 7 de julho, quando as entidades sindicais devem levar uma resposta ao governo em relação ao que foi apresentado e buscar discutir os demais pontos da pauta.

DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Hélcio Lourenço Filho
com dados do Andes-SN

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