Reunião na Reitoria ocorreu em meio à manifestação conjunta de estudantes, técnicos e professores; nova reunião é marcada para 14 de setembro
Os comandos de greve dos
docentes, técnico-administrativos e estudantes da UFF se reuniram com o Comitê
Gestor da Reitoria, na tarde da segunda (24), para discutir as reivindicações unificadas
do movimento. O encontro durou cerca de três horas e abordou o tema “Condições de
trabalho e estudo”. A reitoria se comprometeu a apresentar respostas mais
concretas às demandas encaminhadas pelo Comando Unificado de Greve na próxima
reunião, que acontecerá no dia 14 de setembro, desta vez com
ênfase em questões relativas à “Democracia interna e transparência na UFF”.
Entre outras demandas, os pontos de pauta
discutidos defendiam mais concursos públicos para docentes e
técnico-administrativos em todos os campi
da UFF, incluindo também o Colégio de Aplicação (Coluni) e a creche da
instituição; elaboração de cronograma para a conclusão das obras nos diversos
campi; descentralização dos processos administrativos e acadêmicos (protocolo
setorial); compromisso em relação ao pagamento do salário e dos direitos trabalhistas
dos funcionários terceirizados.
Abordavam ainda a segurança no ambiente
profissional (com o pagamento de insalubridade e periculosidade aos
trabalhadores); ampliação da política de assistência estudantil (moradia,
restaurante universitário, recomposição das bolsas, creche); segurança não
militarizada e iluminação nos campi; combate ao assédio moral e retirada das
catracas do Huap e da Faculdade de Direito. O movimento grevista quer ainda que
novos campi da UFF não sejam abertos se não houver condições adequadas de
funcionamento e políticas que garantam a permanência estudantil.
O que diz
o Comitê Gestor
Os representantes da reitoria afirmaram que
desejam conquistar mais vagas de servidores para a UFF, reconhecendo que há
defasagem quanto ao número de técnicos e professores na instituição, sobretudo
nos campi fora da sede, na creche e no Coluni. Mencionaram a abertura de
concursos para preencher mais de 90 vagas, contudo, todas oriundas de
aposentadoria ou falecimento. De acordo com o Comitê Gestor, o governo não
sinaliza, diante da crise financeira provocada pela política de ajuste fiscal,
com a possibilidade de novas vagas. Nesse contexto, a reitoria diz ser
necessário discutir reposicionamento de técnico-administrativos nos setores da
UFF.
Comandos de Greve questionaram a paralisação de
obras nos campi e reivindicaram cronograma que dê conta da destinação
orçamentária e dos prazos para a conclusão dos prédios. A reitoria diz que esse planejamento existe,
apesar de não ter sido publicizado para a comunidade – maior interessada no
tema. Diz necessitar de R$ 166 milhões para a conclusão das obras e que aguarda
resposta do MEC para liberação do dinheiro. “Transparência é disponibilizar
para professores, técnicos e estudantes o que vocês pediram ao MEC”, disse
Eblin Farage, pelo Comando Local de Greve docente.
O Comitê Gestor garante que não iniciará novas
construções sem terminar as que estão em andamento, salientando que entregar o
prédio do Instituto de Biologia é prioridade. “Diretriz não é parar nenhuma
obra; nem que fique atividade pequena, mantemos o canteiro de obra”, disse o pró-reitor
Túlio Franco (Progepe). Ele também disse que está em curso um sistema que
permite o envio da documentação por meio eletrônico, que beneficiaria os
trabalhadores e os estudantes das unidades fora de sede. Além disso, disse que
a reitoria pretende descentralizar a perícia médica.
Em relação aos terceirizados, gestores sustentam
que direitos trabalhistas e salários estão sendo pagos em dia e que não há
pendências anteriores a julho de 2015. Mencionaram problemas pontuais com
profissionais contratatos pela Vpar, que atua em âmbito administrativo,
alegando que logo serão resolvidos.
Quanto à insalubridade e à periculosidade, os
representantes da reitoria argumentaram que a UFF segue as determinações legais
para pagamento desses adicionais e que já encaminharam cerca de 500 processos
que estavam paralisados. Dizem ainda que o Sintuff pode acompanhar as comissões
que avaliam o grau de exposição dos trabalhadores às condições insalubres ou
perigosas, e que deve encaminhar à reitoria o nome e a matrícula dos servidores
que não têm recebido esse direito, para que cada caso seja melhor analisado.
Assistência estudantil
Nos últimos anos, as políticas de assistência
estudantil não acompanharam o crescimento vertiginoso da UFF. A falta de
moradia, de bandejão e de creche, sobretudo nas unidades fora de sede, tem sido
bastante criticada pela comunidade acadêmica. Os gestores dizem que o bandejão
da Praia Vermelha voltará a funcionar após o término da greve. Segundo eles, um
grupo de trabalho está em curso para pensar estratégias que viabilizem
refeições para os estudantes que não contam com restaurante universitário – não
revelou, porém, quem integra esse grupo.
Quanto à moradia, estudantes reivindicaram nova
discussão para a atualização do regimento, hoje considerado punitivo para as
gestantes – que são obrigadas a se retirar do local. Também pleitearam auxílio
creche.
Os gestores alegam estar impedidos, por lei, de
criar novas creches no âmbito da administração federal, sendo necessário
realizar estudo que permita a ampliação da creche já existente no campus do
Gragoatá. Parte das vagas será aberta à sociedade, segundo eles, por decisão do
Ministério Público.
No que tange à demanda por segurança não
militarizada e com paridade entre os gêneros nos diversos campi, a
administração disse que todos esses profissionais terão que ser terceirizados,
porque a carreira foi extinta do Regime Jurídico Único. Os Comandos Unificados
reivindicam treinamento humanizado e paridade entre homens e mulheres. Pedem
ainda melhor iluminação dos campi da UFF.
Assédio
moral
O movimento grevista
insistiu para que a reitoria realize ampla campanha de conscientização sobre o
tema. De acordo com a técnica Lígia Martins, “assédio moral tem virado modelo
de gestão na UFF”. A Universidade deve constranger os assediadores e buscar outras
formas de combater essa prática na instituição, para além da comissão interna
que apura as denúncias.
Catraca
Docentes, discentes e
técnicos pedem a retirada das catracas do HUAP e da Faculdade de Direito. A
reitoria ficou de discutir o assunto e, no próximo encontro, dará uma resposta
para o pedido.
Novos campi
O Comando
Unificado afirma que a reitoria não pode abrir novos campi avançados “sem que
eles tenham condições estruturantes, como professores, técnicos, bandejão,
moradia, para efetivar os cursos e institutos, com políticas públicas que
garantam a permanência estudantil”. O Comitê Gestor revelou que a abertura de
12 novos cursos nas unidades fora de sede foi suspensa, dizendo que o desejo da
atual administração é consolidar os campi que já existem. No entanto, afirmam que a unidade de Petrópolis será inaugurada,
visando atender apenas ao curso de Engenharia de Produção. “As condições de infraestrutura
oferecidas pela prefeitura são muito boas”, disse Túlio Franco.
Quem participou
Participaram da
reunião Renata Vereza (História - Niterói), Eblin Farage (Serviço Social -
Niterói), Simone Barreto (Fonoaudiologia - Friburgo), Adriana Penna (Pedagogia
- Pádua), pelo Comando Local de Greve dos Docentes; Nayara Assunção (Ciências
Sociais - Niterói), Rafael Monteiro (Psicologia - Volta Redonda), Mel Gomes
(Produção Cultural - Niterói), Luan Candido (Economia -Niterói), Rhuan Vieira
(Odontologia - Friburgo), Isabella Seixas (Química - Volta Redonda), Johnathan
Mattos (Direito - Niterói), Rodrigo O. Ferreira (Psicologia - Rio das Ostras),
Juliana Cruz (Pedagogia - Pádua), Simone Claudino (Economia - Campos dos
Goytacazes), Thais Santana (Políticas Públicas - Angra dos Reis), pelo Comando
Local de Greve dos Estudantes; Pedro Rosa, Lígia Martins, Márcia Carvalho,
Carlos Abreu, Camila Aguiar, Luciano Pita, pelo Comando de Greve dos
Técnico-administrativos; Os pró-reitores
Túlio Franco (Progepe), Roberto Kant de Lima (Proppi), Jailton Francisco
(Proplan); Alberto di Sabatto (Coordenador da CPD) e Paulo (pela Proad) – todos
representando o Comitê Gestor.
O GOVERNO DE FATO NÃO VAI MUITO BEM. ESTA CRISE É PASSAGEIRA, QUEM SABE? MAS NEM POR ISSO VEJO QUE ESTA GREVE DEVE SER TÃO LONGA ASSIM. QUEM ESTA PREOCUPADO COM O ENSINO UNIVERSITÁRIO NO PAÍS? CHEGUEI A CONCLUSÃO QUE NÓS BRASILEIROS GOSTAMOS MESMO DE SER MANIPULADOS, NÃO IMPORTA PARA QUE CAUSA. ACHAMOS QUALQUER MOTIVO, E GREVE É UMA DELAS SEM CULPA, PARA FICAR A TOA. QUANDO TRABALHAVA, PARTICIPEI MUITO DESSAS "GREVES", E HOJE SEM AQUELE MEU EMPREGO, COMO SINTO FALTA, NÃO PELO SALÁRIO APENAS, MAS PELA OCUPAÇÃO. HOJE NÃO CONSIGO OUTRO, E COMO ME SINTO TÃO VAGABUNDO.
ResponderExcluir