Os primeiros dias de junho de 2015 revelaram muito
sobre o modus operandi da administração central da Universidade Federal Fluminense. Após ter assinado um compromisso com os estudantes, em 29 de maio,
comprometendo-se, entre outras coisas, a realizar reuniões de negociação com os comandos de
greve dos três segmentos e com os
trabalhadores terceirizados, o reitor Sidney Mello e seu “comitê gestor” cancelaram as reuniões acordadas, apresentando como justificativa
uma falsa informação de que a reitoria
havia sido ocupada pelos estudantes.
O Comando Local de Greve dos docentes da UFF
condenou essa atitude publicamente, em nota divulgada no dia 2 de junho. Confirmando o que afirmamos naquela nota, o
principal efeito do posicionamento da reitoria foi acirrar os ânimos na universidade e fica cada vez mais
claro que o objetivo era preparar o terreno para soluções repressivas para os conflitos típicos da vida universitária,
em especial em um contexto de crise e diante de uma greve.
Assim, pela manhã, um piquete estudantil do Campus do Valonguinho foi dissolvido por uma
intervenção policial que se
seguiu à ação de um indivíduo que fez uso de
martelo e pé de cabra para arrebentar
cadeados e derrubar um portão. À tarde, nova nota da
reitoria antecedeu em algumas horas a ação da
Polícia Federal e da Polícia Militar, as quais dissolveram o piquete do
portão do Campus do Gragoatá sob ameaça de prisões de estudantes. Nenhum integrante da administração central da UFF se fez presente no momento da ação policial e toda a negociação
para garantir a integridade física
dos estudantes foi feita pelos membros do Comando Local de Greve e outros
membros da comunidade universitária
preocupados em evitar o uso direto da força
policial no ambiente universitário.
Uma delegação de professores do
Comando Local de Greve esteve na reitoria, buscando convencer os membros do “comitê
gestor”
a comparecerem ao local e negociarem uma saída pacífica,
mas não houve interesse nessa
saída por parte do referido
comitê, que afirmou ter entregue
o caso nas mãos da representação da Advocacia Geral da União na UFF, lavando as suas próprias.
Os fatos demonstram que a reitoria optou
deliberadamente por abandonar o caminho das soluções negociadas e resolveu tratar os movimentos organizados pela via
repressiva.
A Assembleia Geral dos docentes não deliberou por fazer uso dos piquetes, mas
pelo caminho das atividades de ocupação e
mobilização no interior dos campi,
porém respeitamos a
autonomia do movimento estudantil para definir as formas de apresentar suas
demandas.
Numa universidade, os estudantes são o maior patrimônio a ser preservado e a saída
para impasses através do diálogo é
a única pedagogicamente
correta em um ambiente acadêmico.
Optando pela repressão, a reitoria falha em
seu papel educador e demonstra despreparo para o exercício da função político-administrativa que lhe foi atribuída pelo voto da comunidade.
Conclamamos a administração central a tomar o caminho da negociação política, cumprindo com a
palavra empenhada no acordo com os estudantes e remarcando as reuniões com os comandos de greve e terceirizados.
Um primeiro sinal positivo nessa direção
pode ser dado pelos membros da administração
central e demais componentes do Conselho de Ensino e Pesquisa, em sua reunião ordinária
de 03 de junho, aprovando a proposta estudantil de suspensão do calendário acadêmico, também referendada pela Assembleia Geral dos docentes de 01 de junho.
Pelo respeito ao direito de greve!
Pelas saídas
negociadas para os problemas da Universidade!
Em defesa da Universidade Pública!
Niterói, 03 de junho de 2015
Comando Local de Greve dos Docentes da UFF
Apoio total à Nota do Comando de Greve dos Docentes da UFF. São estudantes e não podem ser tratados como caso de polícia! É nosso dever profissional dialogar com eles e não atacá-los com pé de cabra ... Envergonho-me com esse procedimento e o legitimo de jeito algum!
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