quarta-feira, 3 de junho de 2015

Nota do Comando Local de Greve dos Docentes da UFF sobre os acontecimentos de 02/06/2015


Os primeiros dias de junho de 2015 revelaram muito sobre o modus operandi da administração central da Universidade Federal Fluminense. Após ter assinado um compromisso com os estudantes, em 29 de maio, comprometendo-se, entre outras coisas, a realizar reuniões de negociação com os comandos de greve dos três segmentos e com os trabalhadores terceirizados, o reitor Sidney Mello e seu comitê gestor cancelaram as reuniões acordadas, apresentando como justificativa uma falsa informação de que a reitoria havia sido ocupada pelos estudantes.

O Comando Local de Greve dos docentes da UFF condenou essa atitude publicamente, em nota divulgada no dia 2 de junho. Confirmando o que afirmamos naquela nota, o principal efeito do posicionamento da reitoria foi acirrar os ânimos na universidade e fica cada vez mais claro que o objetivo era preparar o terreno para soluções repressivas para os conflitos típicos da vida universitária, em especial em um contexto de crise e diante de uma greve.

Assim, pela manhã, um piquete estudantil do Campus do Valonguinho foi dissolvido por uma intervenção policial que se seguiu à ação de um indivíduo que fez uso de martelo e pé de cabra para arrebentar cadeados e derrubar um portão. À tarde, nova nota da reitoria antecedeu em algumas horas a ação da Polícia Federal e da Polícia Militar, as quais dissolveram o piquete do portão do Campus do Gragoatá sob ameaça de prisões de estudantes. Nenhum integrante da administração central da UFF se fez presente no momento da ação policial e toda a negociação para garantir a integridade física dos estudantes foi feita pelos membros do Comando Local de Greve e outros membros da comunidade universitária preocupados em evitar o uso direto da força policial no ambiente universitário. Uma delegação de professores do Comando Local de Greve esteve na reitoria, buscando convencer os membros do comitê gestor a comparecerem ao local e negociarem uma saída pacífica, mas não houve interesse nessa saída por parte do referido comitê, que afirmou ter entregue o caso nas mãos da representação da Advocacia Geral da União na UFF, lavando as suas próprias.

Os fatos demonstram que a reitoria optou deliberadamente por abandonar o caminho das soluções negociadas e resolveu tratar os movimentos organizados pela via repressiva.
A Assembleia Geral dos docentes não deliberou por fazer uso dos piquetes, mas pelo caminho das atividades de ocupação e mobilização no interior dos campi, porém respeitamos a autonomia do movimento estudantil para definir as formas de apresentar suas demandas.

Numa universidade, os estudantes são o maior patrimônio a ser preservado e a saída para impasses através do diálogo é a única pedagogicamente correta em um ambiente acadêmico. Optando pela repressão, a reitoria falha em seu papel educador e demonstra despreparo para o exercício da função político-administrativa que lhe foi atribuída pelo voto da comunidade.

Conclamamos a administração central a tomar o caminho da negociação política, cumprindo com a palavra empenhada no acordo com os estudantes e remarcando as reuniões com os comandos de greve e terceirizados. Um primeiro sinal positivo nessa direção pode ser dado pelos membros da administração central e demais componentes do Conselho de Ensino e Pesquisa, em sua reunião ordinária de 03 de junho, aprovando a proposta estudantil de suspensão do calendário acadêmico, também referendada pela Assembleia Geral dos docentes de 01 de junho.

Pelo respeito ao direito de greve!

Pelas saídas negociadas para os problemas da Universidade!


Em defesa da Universidade Pública!


Niterói, 03 de junho de 2015
Comando Local de Greve dos Docentes da UFF

Um comentário:

  1. Apoio total à Nota do Comando de Greve dos Docentes da UFF. São estudantes e não podem ser tratados como caso de polícia! É nosso dever profissional dialogar com eles e não atacá-los com pé de cabra ... Envergonho-me com esse procedimento e o legitimo de jeito algum!

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