domingo, 9 de agosto de 2015

Encontro e ato na reitoria dão mais visibilidade às pautas de fora da sede

Reitoria diz que vai analisar e que isso é prioridade, mas não dá resposta concretas às demandas emergenciais apresentadas pela Comissão dos Campi do Interior na manifestação em que a comunidade acadêmica foi de bicicleta à reitoria; novo encontro deverá ocorrer na 2ª quinzena de agosto

O encontro em Rio das Ostras e, em seguida, o ato no qual a comunidade acadêmica foi de bicicleta à reitoria levar a pauta emergencial de reivindicações dos campi fora da sede pôs ainda mais em evidência os problemas da expansão precarizada e o crescente envolvimento de envolvimento dos três segmentos na cobrança de soluções – algo que já é marca desta greve na Universidade Federal Fluminense. 

A ‘bicicletada’ seguida de ato público, na quarta-feira (5), ajudou a dar visibilidade à luta de técnico-administrativos, estudantes e professores, em greve na instituição desde o dia 28 de maio. Grupo de mais de cem pessoas se deslocou da Praça da Cantareira, em São Domingos, até a reitoria da UFF, em Icaraí, onde se encontraram com outros manifestantes, para levar ao reitor a pauta de reivindicações específicas dos campi fora de sede. Foi ainda uma referência a foto postada pelo reitor, que não recebe os grevistas, nas redes sociais, na qual aparece de bicicleta em passeio no exterior. 

Documento elaborado no “I Encontro dos Campi da UFF Fora de Sede: Discutindo a precarização a partir da expansão universitária” foi entregue ao Comitê Gestor, já que, mais uma vez, o reitor não recebeu o movimento grevista. Ele apresenta oito itens considerados emergenciais, como a necessidade de bandejão e moradia estudantil nas unidades; realização de concursos públicos para contratação de novos técnico-administrativos e docentes que supram a carência de profissionais na UFF fora de sede; descentralização de procedimentos administrativos (protocolo setorial, serviço de transporte, atendimento estudantil); estudo e apresentação de cronograma detalhado para a conclusão das obras dos prédios. Além disso, eles pedem que a reitoria se comprometa a não abrir novos campi da UFF ou ainda novos cursos nas unidades fora de sede até que os problemas sejam definitivamente sanados.

O documento faz ainda referência à situação do Colégio Universitário Geraldo Reis (Coluni), que compartilha do mesmo sentimento de abandono em relação à reitoria, assim como acontece com os colegas das unidades da UFF em Angra dos Reis, Rio das Ostras, Nova Friburgo, Macaé, Campos dos Goytacazes, Santo Antonio de Pádua e Volta Redonda. “A carta de Rio das Ostras”, contendo as reivindicações específicas dessas localidades, foi distribuída à população.

Integrantes da Comissão dos Campi do Interior criticaram a ausência de Sidney Mello. “Quando queria votos para se tornar reitor, ele apareceu pessoalmente em cada unidade da UFF prometendo várias coisas. Mas, uma vez reitor, ele não pode mais falar conosco; manda o Comitê Gestor”, disse Gisela Alves, aluna do Serviço Social, de Campos dos Goytacazes.  

‘Terceira classe’
A comissão lamentou a falta de condições adequadas nos campi fora da sede e no Coluni, afirmando que não dá mais para aceitar a interiorização do modo que está. Eles afirmam que isso é anterior à política de ajuste fiscal do governo Dilma. “Sentimo-nos uma Universidade de terceira classe; alunos e professores estão em desvantagem em relação à sede”, disse Andréa Pavão, docente do curso de Pedagogia em Angra dos Reis, queixando-se da sobrecarga de trabalho, ocasionada pela falta de profissionais. 

Estudante do curso de Pedagogia, Leandro dos Santos relatou problemas que atestam a precarização daquele campus. Um deles é o fato de os colegas do curso de Geografia não terem acesso aos livros necessários para formação, na biblioteca já defasada. Basta uma visita à unidade para perceber que o espaço físico não comporta mais a comunidade da UFF em Angra dos Reis, em um campus afastado do centro da cidade, mal iluminado e considerado inseguro.

O professor Paulo Terra, de Campos dos Goytacazes, reivindicou concursos para mais professores e técnico-administrativos na unidade. Adriana Penna, representando a comunidade da UFF em Santo Antônio de Pádua, se queixou do grande número de evasão por conta da fraca política de assistência estudantil na unidade, que não tem moradia estudantil e bandejão. 

A técnica-administrativa Michele Borowsky, lotada na UFF em Campos, disse que havia muitas contradições entre o discurso e a prática dos administradores da instituição. “Vocês dizem que são democráticos, mas fomos recebidos com cadeados e seguranças no portão, como se fossemos vândalos e não servidores públicos”, argumentou. Em seguida, criticou o assédio moral na Universidade, reivindicou creche universitária, função gratificada para os técnicos que estão fora da sede. Ela ainda denunciou a existência de assédio moral na instituição, disse que é preciso haver mais respeito aos técnico-administrativos na UFF e criticou a privatização do ensino público.

Comitê Gestor 
Os gestores disseram ser solidários com a indignação nas unidades fora de sede e afirmaram que elas são prioridade desta gestão. Disseram ainda desconhecer a situação do Coluni. Mas não apresentaram respostas concretas. Prometeram estudar as reivindicações – que foram apresentadas como as mais emergenciais, embora não sejam novidades –, para depois responder onde é ‘possível atender'. A falta de comprometimentos efetivos não agradou. Novo encontro dos campi do interior já está programado para a segunda quinzena de agosto, com data ainda a ser definida.

Da Redação da Aduff
Por Aline Pereira
Fotos: ‘Bicicletada’ em Niterói, encontro em Rio das Ostras e a reunião com o Comitê Gestor



























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