sexta-feira, 24 de julho de 2015

Assembleia aprova intensificar greve para pressionar por negociação

Delegação da Aduff-SSind no 60º CONAD também foi eleita










            DA REDAÇÃO DA ADUFF
Por Aline Pereira
Foto: Luiz Fernando Nabuco/Aduff-SSind

Às vésperas de completar dois meses de paralisação na UFF, reunidos em assembleia na tarde dessa sexta (24), os professores decidiram manter e intensificar a greve na instituição, com cem votos favoráveis e uma manifestação contrária. Não houve abstenções. O livro de presenças foi assinado por 112 docentes.

Muitos argumentaram que, devido à pressão do movimento grevista, nas últimas semanas, tanto a reitoria da UFF quanto o governo federal foram obrigados a reconhecer a força da greve, iniciada pelos três segmentos da universidade no dia 28 de maio. O documento apresentado pelo Comando Local de Greve – CLG à Assembleia Geral enfatizava alguns ganhos obtidos recentemente nos cenários interno e externo.

No âmbito institucional, a reitoria da UFF atendeu a reivindicação da direção da Aduff-SSind, reforçada pela assembleia do dia 13 de julho, e no início da semana, disponibilizou cópia dos contratos firmados com as empresas que prestam os serviços de terceirização e de todos os outros que foram acordados com as construtoras responsáveis pelas obras nos diversos campi, seus aditivos e execuções orçamentárias. Também foi comemorada a decisão da sessão extraordinária do Conselho de Ensino e Pesquisa – CEP do dia 22 de julho, que adiou o início do segundo semestre na universidade, manteve o sistema para lançamento de notas aberto e ainda deliberou pela constituição de uma comissão para elaborar uma proposta de calendário de reposição das aulas, uma vez terminada a greve na UFF.

Em relação ao âmbito nacional, foi observado que, mesmo diante da conjuntura de crise econômica, o governo também recuou, estabelecendo negociações com o fórum dos servidores públicos federais. Se no início desse ano afirmava que não haveria reposição salarial para a categoria, vendo a força do movimento grevista, que hoje abarca 41 seções sindicais e conta com forte adesão de outros setores do funcionalismo público, apontou um reajuste de 21% parcelados em quatro anos (5,5% em 2016, 5% em 2017, 4,75% em 2018 e 4,5% em 2019). Os professores entendem que a proposta do governo não é interessante porque sequer repõe as perdas inflacionárias previstas para os próximos anos, engessando qualquer negociação diante de um futuro econômico incerto.

“Acostumamos-nos a ouvir sobre o forte contingenciamento orçamentário e já entendemos que a despesa do Tesouro Nacional caiu, ou pelo menos, se estabilizou. Os números indicam que de janeiro a maio de 2015, as despesas cresceram só 0,2%, enquanto no mesmo período do ano passado elas representavam 4,8%. E as despesas de custeio, pelas quais os servidores públicos federais são pagos, eram de R$174bilhões em 2014 e caíram para R$169 bilhões nesse ano. Sentimos esses efeitos no cotidiano”, disse Victor Araújo, professor da Economia.   

Os docentes também apontaram que, se não fosse a mobilização crescente da greve, o Executivo não teria sinalizado com a possibilidade de reajuste nos benefícios (auxílios creche, saúde e alimentação) da categoria. Entretanto, enfatizaram que a pauta de reivindicações não se limita à questão salarial, mas que abarca ainda condições de trabalho, reestruturação da carreira e defesa da educação pública.

A professora Marinalva Oliveira, dirigente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior e professora de Psicologia em Volta Redonda, disse que a pauta de reivindicações não é uma abstração e enfatizou a urgência em fortalecer a greve e o Fórum das Entidades Nacionais dos servidores, do qual o Andes-SN faz parte. De acordo com ela, que tem participado das reuniões com o Executivo, há intenção declarada do governo em dividir o movimento nacional, buscando negociar separadamente com as entidades. Segundo Marinalva, os representantes do governo também afirmaram haver 16.400 vagas disponíveis para concursos públicos na Universidade, embora não queiram apresentar como elas estão distribuídas. O Ministério do Planejamento e o MEC também confirmam o contingenciamento de verbas na universidade, dizendo que os gestores devem escolher quais contas devem pagar. Afirmaram ainda que o governo não irá negociar os itens de pauta que tragam ônus monetário.

Por isso, a AG também reafirmou que a pauta de reivindicações deve ser negociada de forma articulada entre itens de impacto financeiro e não financeiro, como reestruturação da carreira; posicionamento contrário do MEC e da Andifes à contratação via Organização Social (OS) e à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH); calendário de concursos e cronograma de obras.


SEMINÁRIO CRÍTICO SOBRE O.S.: CONTRA A PRECARIZAÇÃO

“As organizações sociais já fazem parte do nosso cotidiano na UFF”, disse Kate Paiva, docente do Colégio Universitário Geraldo Reis – Coluni. Ela afirmou que na escola de aplicação da UFF a maioria dos professores é contratada via Fundação Euclides da Cunha e, em face da condição de precarização do trabalho, não recebem direitos como férias, 13º salário e ainda ganham menos para lecionar durante a mesma carga horária que os concursados. Eles também não fazem greve porque temem ter seus contratos cancelados. “A OS é uma realidade e já se impõe de forma diluída”, avaliou.
Conscientes da necessidade de informar a comunidade sobre os prejuízos trazidos pela contratação de professores via OS, os docentes aprovaram realizar um seminário crítico para problematizar o assunto, analisando o impacto desse modelo na Europa e na América Latina. Do mesmo modo, irão elaborar um material informativo sobre o tema, problematizando o0 perigo que as OS representam para o funcionalismo público.

ATOS NOS DIAS 25 E 30 DE JULHO

Os docentes aprovaram a participação em atividades conjuntas com outros setores que acontecem nos próximos dias. Uma delas é a Plenária das Categorias estaduais em luta, que será realizada nesse sábado (25), a partir 15h, no IFCS/UFRJ, no Largo de São Francisco. Os outros dois eventos acontecem no dia 30, quinta-feira: manifestação no Hospital Universitário Antônio Pedro – Huap, a partir das 9h, em conjunto com os técnico-administrativos/Sintuff; Ato Estadual das categorias em lutaa partir das 17h, com concentração na Candelária.
A assembleia também deliberou por um ato unificado entre os três segmentos da UFF, que deve ser construído para a primeira semana de agosto. Professores destacaram a necessidade de dar mais visibilidade para a greve. “Aprendi muito sobre o funcionamento da universidade participando da militância. Nossa greve já é bastante vitoriosa, mas é hora de fortalecê-la ainda mais, ocupar as ruas. Precisamos dos professores conosco, empunhando as nossas bandeiras”, disse Nazira Camely, professora da Economia.

OUTRAS DELIBERAÇÕES

Organizar o Grupo de Trabalho (GT) Verbas Local; indicar que o Comando Nacional de Greve convoque o GT Verbas Nacional para o estudo dos impactos orçamentários da proposta do governo e da proposta dos servidores públicos federais; realizar, quando possível, atividades de formação antes das assembleias, buscando refletir sobre assuntos relevantes para a categoria; produzir vídeo para divulgar as péssimas condições de trabalho nas unidades da UFF; e utilizar as redes sociais para divulgar a pauta de reivindicações da greve.

DELEGAÇÃO PARA O 60º CONAD

 “Atualização da luta em defesa dos direitos dos trabalhadores e da liberdade da organização sindical dos docentes para enfrentar a mercantilização da educação” é o tema do 60º Conselho do Andes-SN, que acontece entre os dias 13 e 16 de agosto em Vitória (ES), para atualizar as bandeiras de luta do Sindicato Nacional e pensar a organização da entidade. A asembleia elegeu os representantes da Aduff-SSind que participarão do evento, a saber: Sônia Lúcio R. de Lima e Isabella Pedroso, respectivamente delegada e suplente; Arley Costa, Eblin Farage, Elza Dely, Edson Teixeira, Felipe Brito, Francine Helfreich, José Raphael Bokeh, Kate Paiva, Renata Vereza e Sérgio Aboud como observadores.

THÉO PIÑEIRO, PRESENTE!

A assembleia geral homenageou o professor Théo Lobarinhas Piñero, do Departamento de História/Nitéroi, que faleceu no dia 22 de julho. Há mais de 20 anos na UFF, ele era considerado um companheiro presente nas lutas em defesa da Universidade Pública e colaborador ativo na construção do sindicato. Sua ausência será sentida pela comunidade universitária. Théo Lobarinhas Piñero, presente!

PRÓXIMA AG

A próxima assembleia geral acontece no dia 31 de julho, sexta-feira, às 14h, no auditório Florestan Fernandes (Bloco D)

Nenhum comentário:

Postar um comentário