terça-feira, 28 de julho de 2015

Comandos de Greve da UFF cobram da reitoria respostas à pauta interna

Docentes, técnicos e estudantes se reuniram com o Comitê Gestor para debater as reivindicações comuns aos três segmentos na pauta interna da greve
DA REDAÇÃO DA ADUFF

Por Aline Pereira
Os representantes dos Comandos Locais de Greve dos docentes, dos técnico-administrativos e dos estudantes se reuniram com o Comitê Gestor da UFF, na tarde da segunda-feira (27), para discutir a pauta unificada dos três segmentos. Os grevistas enfatizaram que não estavam ali representando suas entidades, Aduff-SSind, Sintuff e DCE, mas sim como representantes dos Comandos de Greve. Reiteraram que aquela reunião não caracterizava os trabalhos da Mesa de Negociações Permanente da reitoria, da qual o Sintuff se retirou por conta de processo judicial impetrado contra o sindicato e um dos seus coordenadores, Pedro Rosa. Por decisão de assembleia geral dos docentes, a Aduff-SSind também não tem participado da Mesa de Negociação, por entender que é preciso solucionar primeiramente essa questão, uma vez que qualquer tipo de criminalização dos movimentos sindicais na UFF não contribui para o desenvolvimento do diálogo.

Professores, técnicos e estudantes em greve também lamentaram, mais uma vez, o fato de o reitor da UFF, Sidney Mello, se recusar a receber a representação dos Comandos Locais na instituição para uma conversa. Criticaram a insistência para que o Comitê Gestor permaneça como o canal de diálogo e de deliberação entre a UFF e os grevistas, salientando que na história da universidade, é a primeira vez que o reitor não dialoga com os representantes dos Comandos em greve, demonstrando, portanto, falta de vontade política. “Temos feito diversas reuniões, solicitando que o Professor Sidney Mello nos receba. Entretanto, num gesto de boa vontade de nossa parte, aceitamos conversar com alguém, com poder de negociação e de deliberação, conforme a designação da reitoria, para discutirmos a pauta unificada”, disse Renata Vereza, pelo Comando Local de Greve dos Docentes - CLG. O servidor Pedro Rosa, pelo Comando de Greve dos técnicos, também criticou a ausência. “A UFF passa por uma das maiores crises da sua história, estrangulada pela política governamental. Não compreendemos a ausência permanente do reitor para tratar dessas questões. O reitor tem que se posicionar”, disse.

Renata Vereza afirmou que a pressão do movimento iniciado no dia 28 de maio, contribuiu nas últimas semanas para que a administração central atendesse algumas demandas dos grevistas, como o acatamento do pleito da Aduff-SSind, com base na Lei da Transparência, para acesso aos contratos firmados pela UFF e as construtoras, e os outros firmados entre a instituição e as empresas de terceirização, incluindo seus termos aditivos. Outro avanço foi a deliberação do CEP, que em sessão extraordinária realizada recentemente decidiu, entre outras medidas, adiar o início do segundo semestre letivo e manter aberto o sistema para lançamento de notas até que a greve termine.   

A reunião foi conduzida por Alberto di Sabbato, pró-reitor de Pessoal em exercício, substituindo Túlio Franco, que está em férias. Para ele, o contingenciamento de verbas é uma realidade na UFF e tanto os administradores e os grevistas devem buscar um entendimento para superarem, juntos, essa condição adversa. “Temos objetivo de ter uma universidade inclusiva e socialmente referenciada”, disse. “Com esse espírito, temos que começar a conversar, porque, temos o mesmo objetivo”.

Os representantes dos CLG observaram que a crise é grave, culminando com a retirada de verbas da Educação – o que afetou a UFF, inegavelmente. Entretanto, salientaram que a política de ajuste fiscal do governo não pode ser utilizada como justificativa para explicar parte dos problemas vivenciados pela universidade, argumentando que algumas demandas do movimento de técnicos, estudantes e professores são antigas e não carecem de investimentos financeiros, como, por exemplo, o debate democrático sobre o Plano de Desenvolvimento Institucional; convocação da estatuinte na UFF e definição do Colégio de Aplicação da UFF (Coluni) como unidade da UFF, com eleições para a escolha da direção.

“Hoje fica difícil negar que existe uma crise na universidade, mas faz alguns anos que os movimentos organizados alertam para essa questão. Falar que a crise de hoje pode ser explicada pelo contingenciamento de verbas, é uma forma de ‘aliviar um pouco a barra’”, disse o técnico-administrativo Lucas Mello, argumentando que a pauta de reivindicações é antiga e que a universidade deve estabelecer diálogo efetivo com o movimento social. “Precisamos sair dessa reunião com algum posicionamento claro, por exemplo, a respeito da Ebserh ", disse, ao defender que a UFF rejeite esse modelo e que busque meios democráticos com a comunidade acadêmica para garantir o funcionamento do Hospital Universitário Antonio Pedro,  com qualidade e com contratação de pessoal por concursos públicos via Regime Jurídico Único. Ele também reivindicou mais democracia na gestão do Huap e no tratamento com os seus servidores. Outra questão levantada foi a garantia de cumprimento do resultado do plebiscito dos cursos pagos, que deliberou pelo fim da cobrança de mensalidades na UFF.

O servidor ainda questionou se o Comitê Gestor acha que a instituição tem condições de funcionar sem resolver alguns problemas básicos, que são anteriores à crise agravada pelo contingenciamento de verbas. “Existem condições para abertura de novos campi da UFF em novas cidades, sem que os que já existem estejam em condições mínimas de funcionamento, sem política de assistência estudantil, e com a destinação de vagas de professores e de técnico-administrativos?”, indagou. “Esse é o compromisso de resolver os problemas? Em nossa opinião, vocês não estão no mesmo lado que a gente; estão gerindo um projeto de universidade que se expande mediante a precarização; por isso, não existe um posicionamento claro da UFF encaminhando a pauta interna”, afirmou.

Orçamento e a “escolha de Sofia”

Renata Vereza pediu que o Comitê se posicionasse em relação à declaração dos representantes do Executivo que, em reunião com o Fórum Nacional dos Federais, que reúne o Andes-SN e outras entidades da categoria, afirmou que havia mais de nove mil vagas para concursos destinadas aos professores nas Instituições de Ensino Superior (IES). Também afirmaram que os reitores das universidades deveriam escolher as contas que prefeririam pagar.

Alberto di Sabbato disse que já houve a abertura de concursos, abrangendo mais de cem vagas docentes para a UFF e mencionou recente seleção pública para preencher vagas de técnico-administrativos. De acordo com ele, os concursos não estão paralisados. Mencionou que a UFF preencheu 24 vagas de professores efetivos no Coluni e que a abertura de novas vagas dependem do Ministério do Planejamento.

Disse ainda que a gestão, no cenário de crise, já tem optado quais contas são as mais importantes. “É a escolha de Sofia”, definiu, esclarecendo que o pagamento das bolsas e dos salários dos funcionários terceirizados tem sido a prioridade. “O recurso que recebemos não é suficiente para dar conta do custeio da universidade e isso já foi relatado diversas vezes”, disse.

O Comitê Gestor também afirmou ter solucionado os problemas que envolviam atrasos de direitos trabalhistas dos contratados pela Vpar. E revelou que, em reunião com o MEC, em Brasília, a reitoria apresentou proposta solicitando aporte financeiro para garantir a conclusão de algumas obras e que ainda aguardam um pronunciamento do Executivo sobre o assunto – o que, segundo ele, deve acontecer até o final de agosto.

O pró-reitor de administração, Néliton Ventura, disse que os recursos são carimbados, vêm para Ensino à Distância, assistência estudantil, relações internacionais. “De fato, a UFF tem autonomia de gestão financeira. Mas, estamos praticamente em agosto e até hoje estamos sem orçamento e não podemos nos planejar”, informou. 

Quem participou


Participaram da reunião os representantes dos respectivos Comandos Locais de Greve. Pelos docentes, Renata Vereza e Francine Helfreich; pelos técnico-administrativos, Pedro Rosa, Lucas de Mello, Márcia Carvalho e Sebastiana Palmeira; pelos discentes Mariane Medeiros (Serviço Social), Pedro Mansur (Física) e Rafael Souza (História). A reitoria foi representada pelos pró-reitores Néliton Ventura (Proad), Roberto Kant de Lima (Proppi) e por Alberto Di Sabbato (substituindo Túlio Franco, da Progepe); Gabriel Vitorino Sobreira, assessor do reitor; Marco Aurélio; gerente do setor de processos administrativos disciplinares; Lênin Pires, gerente geral das unidades descentralizadas; Leonardo Backer, assessor de gabinete da reitoria. 

Leia mais sobre a reunião com o Comitê Gestor na próxima edição do jornal da Aduff-SSind. 

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